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01/11/2024

STJ e a Revisão de Cláusulas Abusivas em Contratos Bancários: Precedentes que Moldam a Proteção do Consumidor.

A revisão de cláusulas abusivas em contratos bancários tem sido uma constante no âmbito do Superior Tribunal de Justiça (STJ). O tribunal tem desempenhado um papel fundamental na proteção dos consumidores, assegurando que as cláusulas contratuais respeitem os princípios da boa-fé, transparência e equilíbrio entre as partes.

O Código de Defesa do Consumidor (CDC), juntamente com outros dispositivos legais, é amplamente aplicado pelo STJ em suas decisões, resultando em precedentes que moldam o entendimento sobre o direito bancário e a proteção ao consumidor.

Nesse contexto, examinamos as principais decisões do STJ e as implicações jurídicas da revisão de cláusulas abusivas em contratos bancários.

Acompanhe até o final!

 

Quais os fundamentos jurídicos para a Revisão de Cláusulas Abusivas?

A revisão de cláusulas abusivas em contratos bancários é fundamentada principalmente pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC), instituído pela Lei nº 8.078/1990.

O artigo 6º do CDC garante o direito básico do consumidor à modificação de cláusulas contratuais que estabeleçam prestações desproporcionais ou que coloquem o consumidor em desvantagem excessiva. Além disso, o artigo 51 do CDC considera nulas as cláusulas contratuais que sejam abusivas, impondo a necessidade de revisão judicial dessas disposições.

Em contratos bancários, onde o consumidor está em uma posição vulnerável, a intervenção judicial é frequentemente necessária para equilibrar as relações entre bancos e consumidores.

O STJ tem consolidado o entendimento de que, quando houver abuso em cláusulas contratuais, cabe ao Judiciário intervir para proteger os direitos do consumidor.

 

Cláusulas Abusivas e o Princípio da Boa-Fé Objetiva.

O princípio da boa-fé objetiva é um dos pilares fundamentais do direito contratual e também um instrumento essencial na revisão de cláusulas abusivas em contratos bancários.

O STJ, ao julgar casos envolvendo consumidores e instituições financeiras, enfatiza a aplicação deste princípio, que impõe a ambas as partes o dever de agir de forma leal e honesta durante toda a execução do contrato.

As cláusulas abusivas são aquelas que, muitas vezes, ignoram ou violam esse princípio, causando desvantagem significativa ao consumidor.

O STJ tem reiteradamente reconhecido que, ao firmar um contrato com uma instituição bancária, o consumidor geralmente não tem condições de discutir os termos contratuais, o que caracteriza uma relação de adesão. Sendo assim, cláusulas que prejudiquem o consumidor ou que impliquem onerosidade excessiva podem ser revisadas, com base no artigo 51 do CDC, quando violarem o princípio da boa-fé objetiva.

 

Juros Abusivos e Limitação Judicial.

A cobrança de juros abusivos é uma das questões mais discutidas em contratos bancários. O STJ tem reiterado que, embora a fixação de juros seja livre entre as partes contratantes, eles não podem ser cobrados de maneira abusiva, em desconformidade com as práticas de mercado ou superiores às taxas médias praticadas pelo Sistema Financeiro Nacional, conforme regulado pelo Banco Central do Brasil.

O Tribunal entende que, em caso de abusividade, a revisão judicial é cabível, ainda que tenha havido acordo entre as partes. Nessa linha, o STJ admite a limitação dos juros a patamares razoáveis, quando estes forem considerados excessivos e contrários à boa-fé.

A jurisprudência tem apontado para a possibilidade de revisão dos juros quando estes extrapolarem a média de mercado e colocarem o consumidor em evidente desvantagem.

 

Tarifas Bancárias e Serviços Não Solicitados.

Outro ponto relevante na revisão de contratos bancários envolve a cobrança de tarifas e serviços bancários que não foram expressamente solicitados pelo consumidor.

O STJ tem decidido que a cobrança de serviços não contratados, ou a imposição de tarifas por serviços não essenciais, constitui prática abusiva e viola os direitos do consumidor.

Em decisões recentes, o Tribunal tem assegurado que as instituições financeiras devem fornecer informações claras e precisas sobre os serviços oferecidos e, além disso, devem respeitar o consentimento do consumidor.

Em caso de cobrança indevida, o consumidor tem o direito de solicitar a devolução em dobro dos valores pagos.

 

Reajuste de Contratos e Onerosidade Excessiva.

A revisão judicial de contratos bancários também pode ocorrer em razão de fatos supervenientes que causem onerosidade excessiva ao consumidor.

O CDC permite que o contrato seja revisado quando o cumprimento das obrigações se tornar excessivamente oneroso para uma das partes, em razão de circunstâncias imprevistas.

O STJ tem interpretado esse dispositivo em casos de contratos bancários, onde mudanças econômicas significativas possam justificar a intervenção judicial.

Este tipo de revisão, no entanto, depende de uma análise criteriosa dos fatos, de modo que a onerosidade excessiva deve ser comprovada e não pode decorrer de simples inadimplência ou má administração por parte do consumidor.

 

Qual a importância da Transparência nas Relações Bancárias?

O STJ tem destacado a importância da transparência nas relações contratuais entre consumidores e instituições financeiras.

A falta de clareza nas informações fornecidas ao consumidor pode ser considerada prática abusiva, uma vez que compromete o direito de o consumidor tomar decisões informadas sobre os serviços contratados.

Em contratos bancários, a ausência de informações claras ou a omissão de termos contratuais importantes podem ser revisadas judicialmente, garantindo a plena proteção do consumidor e evitando que este seja prejudicado por cláusulas que desconhecia ou não compreendia.

 

Por fim, a atuação do STJ na revisão de cláusulas abusivas em contratos bancários tem sido essencial para garantir a proteção do consumidor.

As decisões do Tribunal têm buscado equilibrar as relações entre bancos e consumidores, assegurando que as cláusulas contratuais respeitem a boa-fé, a transparência e os direitos básicos previstos no CDC.

Por meio de precedentes consistentes, o STJ tem moldado o entendimento jurídico sobre o tema, oferecendo maior segurança jurídica e promovendo a justiça nas relações de consumo.

Contudo, é necessária a análise de um especialista em cada caso, a fim de reavaliar o contrato e buscar uma solução jurídica na proteção dos direitos do consumidor.

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