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11/07/2024

Decisão do STF sobre Desoneração da Folha: Impactos Jurídicos e Econômicos para o Setor Empresarial.

A desoneração da folha de pagamento, instituída pela Lei nº 12.546/2011, representa uma significativa mudança na forma como as empresas contribuem para a Previdência Social.

Esta medida, voltada para a redução dos encargos trabalhistas, substituiu a tradicional contribuição previdenciária sobre a folha de pagamentos por uma alíquota incidente sobre a receita bruta.

O Congresso aprovou a Lei 14.784/2023, que prorrogou a desoneração da folha de pagamento de alguns setores e reduziu a alíquota da contribuição previdenciária sobre a folha de pagamento dos municípios para 8%.

Em abril/2024, em decisão de um pedido do Governo Federal, o Ministro do STF, Cristiano Zanin, decidiu que a lei não atendia a uma condição constitucional essencial: a avaliação do impacto orçamentário e financeiro da criação de novas despesas obrigatórias. O relator afirmou que a manutenção da norma poderia gerar um desajuste significativo nas contas públicas e comprometer o regime fiscal, e a suspensão buscava preservar a sustentabilidade orçamentária.

Nesse contexto, há importantes repercussões jurídicas e econômicas para o setor empresarial.

Acompanhe até o final!

 

Contexto Legal da Desoneração da Folha.

A Lei nº 12.546/2011 introduziu a desoneração da folha como uma alternativa para diminuir os custos de contratação e estimular a formalização do emprego. Inicialmente, a medida foi aplicada a alguns setores específicos, mas gradualmente expandiu-se para incluir diversas atividades econômicas. Em essência, a desoneração permite que as empresas substituam a contribuição previdenciária de 20% sobre a folha de pagamento por uma contribuição que varia entre 1% a 4,5% sobre a receita bruta.

Contudo, o Governo Federal editou a Medida Provisória 1.202/2023. Esta medida previa a retomada gradual da carga tributária sobre a folha de pagamento dos setores beneficiados e a limitação das compensações tributárias derivadas de decisões judiciais, além de reintroduzir a tributação sobre o setor de eventos.

No entanto, com a aprovação e publicação da Lei 14.784/2023, no final do ano, a desoneração da folha de pagamentos foi prorrogada para 2027, mantendo tal previsibilidade e assegurando os postos de trabalho pelos níveis de empregabilidade, conforme determina a legislação.

 

As Decisões do STF.

Em novembro de 2021, o Supremo Tribunal Federal (STF) decidiu, por maioria de votos, manter a desoneração da folha de pagamento até 2023. Essa decisão foi fundamentada no princípio da segurança jurídica e na necessidade de garantir a previsibilidade para o planejamento financeiro das empresas, especialmente em um cenário econômico adverso, conforme se apresentava no momento.

Ocorre que em abril de 2024, por um requerimento do Governo Federal através da AGU, o STF suspendeu os efeitos da Lei 14.784/2023 o que deixou os contribuintes em pânico. No entanto, tal decisão precisava ser confirmada em Plenário.

Em maio/2024 o caso foi remetido ao Plenário, mas o julgamento foi paralisado por um pedido de vista do ministro Luiz Fux. Em maio, após o governo federal e o Congresso informarem o início das negociações sobre a desoneração, Zanin suspendeu os efeitos de sua primeira decisão.

A suspensão temporária da desoneração da folha de pagamento mantém o setor empresarial em alerta, enquanto as negociações entre o Executivo e o Legislativo continuam.

 

Quais os Fundamentos Jurídicos da Decisão.

A decisão do STF foi fundamentada em diversos princípios jurídicos. O princípio da segurança jurídica foi um dos pilares, assegurando que as regras tributárias não sejam alteradas abruptamente, o que poderia prejudicar o planejamento financeiro das empresas.

Outro princípio relevante foi o da proteção à confiança legítima, pelo qual os contribuintes têm o direito de esperar que as normas fiscais sejam aplicadas de forma estável e previsível.

 

Quais os principais Impactos Econômicos para o Setor Empresarial?

A manutenção da desoneração da folha até 2027 representa uma economia significativa para as empresas, especialmente aquelas que operam em setores intensivos em mão de obra.

A redução dos encargos trabalhistas pode melhorar a competitividade das empresas, permitindo que invistam mais em tecnologia, inovação e expansão dos negócios. Adicionalmente, a desoneração pode incentivar a formalização do emprego, e mantendo os percentuais dos quadros de trabalho conforme determina a Lei, reduzindo a informalidade no mercado de trabalho.

 

Impactos Jurídicos da Decisão.

Do ponto de vista jurídico, a decisão do STF em manter o que estabelece a Lei de prorrogação oferece uma maior previsibilidade e segurança para as empresas na gestão de seus encargos trabalhistas. Mesmo porque, não está se criando outros incentivos fiscais ou alterando as bases tributárias.

Com isso, as empresas podem planejar suas finanças com maior certeza, sabendo que a regra da desoneração será, em princípio, mantida até 2027. Além disso, a decisão fortalece a confiança dos empresários na estabilidade do ambiente regulatório brasileiro.

 

Críticas e Desafios da Desoneração.

Apesar dos benefícios, a desoneração da folha de pagamento enfrenta críticas e desafios. Um dos principais argumentos contrários é a redução da arrecadação previdenciária, o que pode impactar negativamente o equilíbrio financeiro da Previdência Social.

Além disso, há preocupações sobre a eficácia da medida em gerar novos empregos e se realmente beneficia todos os setores igualmente.

Outro desafio é garantir que as empresas de fato utilizem a economia gerada para investir em crescimento e não apenas para aumentar seus lucros.

 

Por fim, com a manutenção da desoneração da folha até 2027, caso o congresso confirme essa aplicação, mesmo que de forma escalonada ou transitória, as empresas ganham um fôlego adicional para atravessar o período de recuperação econômica face aos fortes impactos inflacionários.

No entanto, é crucial que se acompanhe o impacto dessa medida na arrecadação previdenciária e no mercado de trabalho. O governo e os legisladores terão a tarefa de encontrar um equilíbrio entre aliviar a carga tributária das empresas e garantir a sustentabilidade financeira da Previdência Social.

Em resumo, a decisão do STF sobre a desoneração da folha de pagamento traz importantes implicações jurídicas e econômicas para o setor empresarial. A medida oferece alívio financeiro para as empresas, promove a formalização do emprego e assegura uma maior previsibilidade no planejamento tributário.

No entanto, é necessário atenção e planejamento em cada caso concreto, com o auxílio de um especialista no assunto, de forma a evitar prejuízos.

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